Comerciantes e empresários esperam boas vendas nos “Santos”
As roulotes de farturas e divertimentos, espalhados pelas ruas da cidade de Chaves, anunciam o regresso da tradicional Feira dos Santos. A considerada “maior” feira de rua do país realiza-se de 29 de outubro a 1 de novembro.
A menos de duas semanas, alguns flavienses já aguardam a tradicional Feira dos Santos em Chaves. Uma festa transmontana, celebrada assim que termina outubro e inicia o mês de novembro, atrai milhares de pessoas à cidade. Os primeiros comerciantes a chegar, a esta festa de rua, são também os primeiros a fazer algum negócio. Fernanda Dias traz as farturas da Trofa a Chaves há 30 anos. “Eu gosto muito de vir a Chaves, aqui o pessoal é muito acolhedor, muito querido, são boas pessoas”, revela esta comerciante com uma roulote de farturas e churros, junto à rotunda do Monumento. O negócio destes comerciantes itinerantes depende muito das condições climatéricas e para a venda da fartura o frio é bom amigo. “Este ano está assim um bocadinho para o ‘fraquito’ porque está muito calor. O calor é muito. Nunca tivemos assim tanto calor em Chaves. À noite vai-se fazendo alguma coisa mas o negócio está um bocadinho fraco e um pouco diferente dos outros anos”, afirmou a ‘Nanda’ das Farturas.
Vinda da festa de Cabeceiras de
Basto para os Santos em Chaves, Fernanda Dias traz com ela o marido e um
funcionário. Diz ser suficiente para aquela que é para esta família a última “grande feira do ano”. “Este
verão correu bastante bem. As festas que fiz foi bastante ‘jeitoso’, vamos lá
ver agora. Esta [feira] aqui também a bem dizer é a última. Se não correu bem
durante o ano, quem está à espera de juntar dinheiro nesta altura é difícil”, admitiu.
Poucos metros ao lado, o Jornal de Chaves falou também com Bárbara
Ferreira, sobrinha da proprietária da Churraria Alexandre e Matilde. Enquanto
confeciona churros e farturas para uma cliente, esta jovem fala-nos das
expectativas que tem para a edição 2023 dos “Santos” de Chaves. O negócio vai indo. Umas vezes bem, outras
vezes mal mas estamos com muitas expectativas para a feira que seja tão boa
como no ano passado”, frisou.
O cheiro das farturas atraiu Carla Martins que veio com a missão de
comprar farturas e churros para os idosos do lar onde trabalha. “Estou aqui a levar churros e farturas para o
lanche dos meus velhinhos. É um miminho. Costumo levá-los aos Santos, dão uma ‘voltinha’,
mas no período de Santos venho cá muitas vezes buscar farturas. Os velhotes não
podem vir e nós levamos. Eles já sentem saudades. Saí e disse-lhes que vinha
buscar churros e ficaram todos contentes. Não custa nada dar-lhes um miminho”, revelou
Carla Martins da residencial Nova Geração em Chaves.
Enquanto flaviense não esconde o gosto que tem por este evento. “Gosto muito da feira é sempre uma altura que
gostamos de sair, comer um churro, uma fartura, tomar um café é uma maneira de
passar o tempo depois de jantar”, relembra.
A RESTAURAÇÃO GANHA COM O EVENTO
A considerada “maior” feira de
rua do país, que atrai milhares de pessoas, enche as diferentes artérias da
cidade onde também a restauração beneficia com o evento. Armindo Alves é proprietário de um
restaurante junto à rotunda do monumento e admite que no período da feira a
afluência é maior. “A Feira dos Santos é
sempre um evento muito emblemático para a nossa região em que traz muitos
visitantes, em que toda a gente tem oportunidade de mostrar os produtos locais
e regionais. Para a restauração, é sempre uma afluência fora do normal. Nestes
dias praticamente estamos sempre lotados desde que se abre até se fecha” [o
estabelecimento].
A afluência também se regista no espaço de divertimentos onde os mais novos já se divertem. Francisco Costa tem 25 anos e diz que esta é “uma boa feira” que “costuma estar cá, uma vez por ano”. De Boticas, Afonso Carvalhais veio com os amigos divertir-se nos matrecos e nos carrinhos de choque. “Tenho vindo todos os anos. Venho cá, nas tardes livres depois da escola e gosto muito”. Para o amigo, Duarte Fernandes é altura para rever amigos. “É divertido. Dá para nos entretermos aqui todos é o momento para encontrar amigos de outras escolas”.
Para a maioria dos comerciantes as expectativas para a edição
deste ano são “boas” se o São Pedro ajudar. Se o São Pedro ajudar, as expectativas são
boas. Tem corrido bem sempre que venho cá. Não falho a vinda a Chaves. Se não
vier aos Santos, já não há santos. Sou a alegria da feira”, salientou Luís Silva. Este empresário dos
divertimentos admite que vem mais cedo para “criar ambiente”. É importante vir mais cedo para chegar aos dias
principais e o pessoal, saber que estamos cá”, afirmou recordando os tempos
“difíceis” que viveram com a pandemia da Covid-19. “Foram dois anos difíceis mas com a ‘graça de deus’ cá estamos”, terminou
por dizer.
FEIRA DOS SANTOS: UM POLVO COM
MUITOS TENTÁCULOS
Realizada em Chaves desde tempos que se vão perdendo na memória, a “Feira dos Santos” constitui para os
habitantes do Alto Tâmega, e particularmente para os flavienses, o ex-libris
festivo da cidade de Chaves e desta região transmontana.
Os “Santos”, como popularmente usa chamar-se a este acontecimento
festivo, vão-se repetindo anualmente quando outubro expira e novembro começa.
Por uns dias, a Feira dos Santos transforma o espaço público em que se realiza
e a realidade do local. O que antes era um espaço de passagem, ruas e largos
com os seus respetivos moradores e comerciantes torna-se num espaço de
convivência, repleto de sons, cheiros e movimentos. A cidade muda, agita-se,
veste roupagens de festa, enchem-se as ruas de multidões, e o comércio e a diversão
tomam conta da cidade.
A Feira dos Santos é realizada
pela Associação Empresarial do Alto Tâmega (ACISAT) e pela Câmara Municipal de
Chaves. Nos últimos anos, e segundo a ACISAT, a feira “tem vindo a mostrar-se mais
apetecida pelos expositores e mais participada por visitantes nacionais e
estrangeiros, com especial destaque para os nossos vizinhos do Norte da Galiza.
Chaves franqueia nesses dias as suas portas a mais de uma centena de milhares
de visitantes, demonstrando, como aliás em outras épocas do ano, a sua
característica e tão propalada hospitalidade”.
Sem esquecer o seu cariz marcadamente popular e festivo, a Feira dos
Santos assume-se essencialmente como um certame “multissectorial”, com
representação de uma vasta gama de atividades económicas. O vestuário, o
calçado, o artesanato nacional e internacional, as antiguidades, os produtos
agrícolas, a gastronomia e um vasto leque de diversões, constituem algumas das
atividades que tradicionalmente estão representadas neste evento anual.
A Feira dos Santos não é só uma Feira de atividades. Mantendo uma
tradição remota, a organização tem colocado uma forte tónica nas atividades
lúdicas. O concurso do melhor gado, a tradicional “chega de bois”, a atuação de
grupos musicais e bandas e o arraial popular, são algumas das atividades que, a
par de outras, “têm garantido o êxito
desta importante Feira Anual de Todos os Santos”. A gastronomia é outra
faceta muito atrativa, com destaque para a Feira do Polvo, que decorre em
paralelo com a tradicional Feira do Gado. A Feira fica completa com a
participação do Comércio Local, que nestes dias “sai à rua” associando-se ao
megamercado que se instala nas artérias da cidade.
O evento sai à rua de 29 de outubro a 1 de novembro.
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17/10/2023 Jornalista: Sara Esteves Repórter de imagem: Carlos Daniel Morais
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