Alberto Machado com mandato de deputado suspenso

A Comissão de Transparência aprovou na quinta-feira, 13 de fevereiro, o pedido de suspensão do mandato de Alberto Machado, mas o deputado aguiarense não poderá reassumir a Câmara de Vila Pouca de Aguiar sob pena de violar o Estatuto dos Deputados. Esta deliberação teve apenas o voto contra do PSD.

Alberto Machado, deputado da Assembleia da República, eleito pelo distrito de Vila Real, garante que a 21 de janeiro dirigiu um ofício a pedir a suspensão de mandato como deputado por 30 dias, alegando motivos pessoais e familiares, relacionados com o apoio à mãe.

O ex-Presidente da Câmara Municipal de Vila Pouca de Aguiar explicou na quarta-feira, 12 de fevereiro, ao Canal Alto Tâmega que esse pedido entraria em vigor a 10 de fevereiro, mas a Comissão de Transparência adiou na terça-feira, 11 de fevereiro, a decisão sobre o pedido do social-democrata, por suspeita de pretender antes reassumir funções de Presidente da Câmara. O pedido de suspensão foi agora aprovado, mas o ex-autarca não pode regressar ao município, sob pena de entrar em incompatibilidade.

“Se o fizer, a suspensão terá de ficar sem efeito e de se considerar em situação de incompatibilidade por violação do disposto no artigo 20.º do Estatuto dos Deputados”

O ex-autarca aguiarense garante que pediu suspensão do mandato como deputado, por um período mínimo de 30 dias para apoiar a mãe.

A 21 de janeiro dirigi o meu ofício ao Presidente da Assembleia da República, deputado José Pedro Aguiar Branco, um pedido de suspensão de 30 dias por motivos ponderosos de natureza familiar, e isso implica que seja substituído durante esse período mínimo de 30 dias, tendo sido contactado o deputado André Marques para me substituir a partir do dia 10 de fevereiro porque dia 11 tinha que acompanhar a minha mãe. Esse é o motivo central, mas como estou com o mandato suspenso, tenho que justificar ao órgão anterior que já não vou estar na Assembleia da República, porque a suspensão que entreguei na Câmara Municipal deixa de ter validade. Suspendo o mandato e não tenho justificação para não estar na Câmara”.

O deputado social democrata diz ainda que deu também conhecimento ao Diretor do Agrupamento de Escolas porque, em 2013, quando assumiu o cargo de presidente da Câmara Municipal era docente do quadro do Ministério da Educação e pediu mobilidade por comissão de serviço para a Câmara Municipal.

Comunico à Câmara o motivo pelo qual suspendi o mandato e a intenção provável de dia 10 poder voltar, porque a autarquia tem que se pronunciar sobre isso. E faço exatamente a mesma coisa com o Sr. Diretor do Agrupamento de Escolas de Vila Pouca de Aguiar”.

Depois diz ter sido contactado para “comentar num prazo de três dias” e” fica a apreciação do meu pedido pendente”.

“Lamento que se levantem um conjunto de suspeitas que não encontro fundamento para que haja um conjunto alvoroço tão grande como se eu pudesse estar em todo o lado ao mesmo tempo porque nem isso é possível legalmente. (…) Acho que uma situação tão simples, tão clara e tão inequívoca como esta, não merecia nem devia ter o ruído e a confusão que alguém deliberadamente está a causar”, salientou.

“É o único processo que tinha para pedir suspensão durante 30 dias, não tinha mais nenhum”.

Alberto Machado diz ter pedido à Unidade Local de Saúde de Trás-os-Montes e Alto Douro (ULSTMAD) relatórios clínicos e de acompanhamento da mãe para juntar às declarações.

Alberto Machado foi eleito, pelo PSD, presidente da Câmara Municipal de Vila Pouca de Aguiar em 2013 e cumpria o terceiro e último mandato quando em 2024 aceitou ser deputado da Aliança Democrática (AD) na Assembleia da República, tendo assumido o mandato de deputado, integrando designadamente a Comissão Parlamentar de Agricultura. Desde fevereiro de 2024 que quem assume o cargo na presidência é Ana Rita Dias, que era na altura Vice-Presidente da Câmara Municipal.

O Canal Alto Tâmega contactou na quarta-feira, 12 de fevereiro, a Presidente da Câmara Municipal de Vila Pouca de Aguiar, Ana Rita Dias, que referiu ser “uma questão do foro pessoal do professor Alberto e não quero estar a fazer declarações nesse sentido. A única coisa que posso dizer é que a Câmara Municipal está a trabalhar e a funcionar dentro da normalidade e, portanto, está com os serviços todos em andamento”, salientou Ana Rita Dias.

Questionado sobre se a intenção após os 30 dias era de regressar ao Parlamento, Alberto Machado diz que sim, apesar do período máximo de suspensão ser de 180 dias.

Na reunião de quinta-feira, por maioria, a comissão aceitou suspender o mandato do deputado Alberto Machado “por um período nunca inferior a 30 dias nem superior a 180 dias”, com efeitos a partir de quinta-feira, 13 de fevereiro, sendo substituído por André Pereira Cardoso Marques, do círculo eleitoral de Vila Real, que é adjunto do Gabinete do Secretário de Estado da Agricultura e já tinha sido deputado da AR na legislatura de 2023–2023, quando substituiu no cargo a deputada Cláudia Bento.

Sara Esteves

Foto: Carlos Daniel Morais