Unidos em Defesa de Covas do Barroso acusa nova associação de ligação à Savannah Resources

A “Associação Futuro do Barroso” foi fundada a 23 de janeiro de 2025, em Boticas, por José Moura e segundo o mesmo, tem como objetivo, em representação da comunidade, promover o diálogo nas negociações com a empresa responsável pelo projeto de mineração do lítio em Covas do Barroso, a Savannah Resources.

 

Uma semana após a apresentação desta nova associação, Nelson Gomes, representante da organização “Unidos em Defesa de Covas do Barroso” afirmou conhecer, “muito pouco desta associação” e acusou ser uma estratégia da empresa que quer explorar lítio nas aldeias de Covas do Barroso e Romaínho.

 

“Quem está por de trás desta associação é a empresa, porque quando vemos representantes desta associação fazerem parte da folha de pagamento da empresa está tudo dito. Nós não reconhecemos qualquer legitimidade à associação, porque estamos a falar de pessoas que não são de Covas do Barroso, não têm qualquer atividade na aldeia, não estão perto do projeto, não vão ser afetados diretamente pelo mesmo”.

 

Quanto à função de intermediário assumida por esta nova associação, Nelson Gomes explica que esse papel cabe às entidades competentes, “por aquilo que fomos vendo, esta associação diz estar disposta a negociar e a ser um intermediário entre a empresa e as entidades, mas a aldeia de Covas tem diretivo, tem uma junta de freguesia, em Boticas há um município, portanto cabe a essas entidades entender se devem negociar ou não”.

 

Aquando da apresentação da Associação Futuro do Barroso, José Moura referiu-se à exploração de lítio em Covas do Barroso como uma “oportunidade” e um “processo irreversível”. Face a essas declarações, Nelson Gomes discorda e realça que, “a empresa ainda terá de fazer um longo caminho para levar este projeto para a frente. Neste momento, a empresa ainda só está a fazer prospeções, ainda está numa fase de recap, depois ainda terá de ter uma declaração favorável e de viabilidade à exploração. Ainda há muito a percorrer e nós acreditamos que este projeto pode ser travado. A luta vai continuar e a comunidade está unida. Todas as decisões tomadas na aldeia de Covas do Barroso são feitas em assembleia de compartes, onde a população é chamada a participar e ao longo destes últimos anos, nunca tivemos um voto a favor do projeto”.

 

Nelson Gomes reagiu ao facto do representante da nova associação, José Moura, ser responsável por uma unidade hoteleira no concelho, que tem recebido membros da Savannah Resources.

“Isso só demonstra que há interesses por parte dessa associação. Nós não nos regemos por interesses pessoais, nós lutamos por questões ambientais, sociais e ecológicas. Foi isso que nos fez criar esta associação, foi com esse intuito que tivemos intenção de nos mover. Temos demonstrado que temos feito um bom trabalho, não é por acaso que 115 associações a nível nacional vieram subscrever o nosso manifesto”.

 

Recentemente mais de 115 coletivos e organizações ibéricas assinaram um manifesto em solidariedade com os sete anos de luta no Barroso contra o projeto de exploração de lítio e outros minerais a céu aberto previsto para o concelho de Boticas.

 

Texto: Diogo Batista & Sara Esteves

Foto: DR