Folar de Valpaços é a iguaria de Páscoa mais apreciada pelos transmontanos

Em época de Páscoa o Folar não pode faltar em qualquer mesa portuguesa. Como diz o ditado, cada terra tem seu uso e em solo transmontano, o folar salgado recheado com fumeiro e carne é o mais apreciado e confecionado.

Este produto de Indicação Geográfica Protegida (IGP) desperta água na boca, dias antes do domingo de Páscoa.  Aníbal Machado e a filha Sara estão emigrados em França e viajaram até Valpaços para comprarem este produto estrela na 24ª Feira do Folar, que decorreu durante três dias no Pavilhão Multiusos do concelho.

“Somos de Friões, mas estamos emigrados em França. Viemos só para comprar o folar e amanhã já regressamos a Paris”, disse Aníbal Machado. “Não se passa uma Páscoa sem folar. É tradição”, diz a filha Sara Machado no dia de abertura deste certame que atraiu milhares de visitantes ao concelho.

Isabel Moura é natural de Montalegre, mas reside em Vila Real. Conhece bem os produtos deste território e falar de folar é sinónimo de tradição. “Comprei folar, amêndoa e pão de azeitona. Gosto muito destes produtos. O folar vai ser comido já. Não vai chegar à Páscoa”, frisou atraída pelo cheiro tal como Ana Ambrósio que provou o folar pela primeira vez. “Adorei o sabor. É um folar espetacular. Não conhecia e adorei”.

Ao longo do certame, são muitos os expositores que se enchem de orgulho e não têm mãos a medir a tanta procura. “Muito trabalho. É noite e dia a trabalhar. Uma equipa reunida para que o resultado esteja aqui à vista. É um folar certificado com os melhores produtos e que as pessoas adoram”, diz Daniela Conde que ajuda a avó na Padaria Juvenal, um dos estabelecimentos que participa no evento há 24 anos.

De massa fofa, estaladiça, amassada por mãos sábias e confecionado em formas de barro e em forno de lenha. Este produto, com selo IGP indica mesmo que é uma iguaria de qualidade e que só é produzida em Valpaços. “Este ano conquistamos uma medalha de ouro na 13ª Feira Nacional em Santarém. Esta medalha é o reconhecimento do nosso trabalho e dedicação em prol da qualidade e da tradição. O nosso folar IGP de Valpaços tem os ingredientes que o difere de outros folares porque são todos da região. O azeite DOP e os enchidos fazem com que este folar seja diferente e tenha uma máxima qualidade”, assegurou Conceição Moutinho da Padaria Moutinho.

O Folar de Valpaços é um produto que é vendido durante todo o ano, mas com o aproximar da época pascal, é muito procurado para encher a mesa. “As pessoas procuram muito este produto. Fazemos folar todos os dias, mas estas últimas semanas é altura de mais trabalho. Os valpacenses procuram, mas também muitas pessoas de fora. Temos pastelaria em Valpaços e vendemos online. Conseguimos mandar para todo o país”, salientou Cristina Pereira, produtora de folar há 19 anos.

Com um investimento de 150 mil euros, este certame gera cerca de um milhão de euros na economia do concelho. “Este certame tem o folar como rei. Um dos reputados produtos de panificação transmontana, tornado Valpaços a capital do folar. É o único certificado no país, título alcançado em fevereiro de 2017”, assegurou o presidente da Câmara Municipal, Amílcar Almeia.

A 24 edição da Feira do Folar decorreu de 22 a 24 de março no Pavilhão Multiusos do concelho e contou com 93 expositores, a maioria dedicados ao folar e a outros produtos regionais.

“Além de um confundível folar de Valpaços, reputado como o melhor do país, estão ainda representados neste certame, os vinhos, os azeites, produtos derivados da castanha, o bolo podre, o fumeiro, o mel, frutos secos e o artesanato. É um evento que regista muita afluência e que desperta grande expectativa na população do concelho, atendendo à importância que representa para a economia, promovendo excelentes oportunidades de negócio e a divulgação de uma forma mais plena das potencialidades deste território. Este certame além de projetar o que de melhor se faz e produz neste concelho, ao nível destes produtos endógenos, perspetiva a força e a capacidade empreendedora da comunidade valpacense”, terminou por dizer o autarca.