Castelões e Soutelinho da Raia serão as primeiras comunidades de energia em Chaves

Depois de inaugurada em Miranda do Douro a primeira comunidade de energia em Portugal, em agosto de 2021, também as aldeias de Castelões e Soutelinho da Raia integram o projeto “100 aldeias”.

Aberta a fase privada para investidores locais, para que sejam instaladas centrais fotovoltaicas, este projeto vai permitir criar duas Comunidades de Energia nestas duas aldeias do concelho de Chaves para “todos os participantes usufruírem de energia local, limpa e descarbonizada, com um desconto de aproximadamente 25% relativamente ao custo da energia da rede durante as horas de sol”, explica o presidente da Cleanwatts, empresa portuguesa especialista em soluções digitais para o setor da energia que procura financiamento para a implementação destas duas comunidades energéticas.

O projeto eletrosolar, da Cleanwatts, surge após o Governo ter aprovado o regime jurídico aplicável ao autoconsumo de energia renovável, a partir de uma fonte de energia solar.

Assim, a Cleanwatts, pretende angariar cerca de 67 mil euros, através da Plataforma GoParity, para instalar centrais de energia fotovoltaica, numa lógica de financiamento através de crowdlending, “uma forma de crowdfunding, mas com base em empréstimos e não em equity. Numa primeira fase, o acesso é privado e está direcionado a investidores locais. Numa segunda fase, será aberto a todos os que quiserem participar. Este projeto de financiamento colaborativo não tem encargos de subscrição, sendo o montante mínimo de cinco euros e o montante máximo de três mil euros por projeto”.

Com este projeto de autoconsumo solar será instalado, e de acordo com a empresa, um total de 171kWp de potência fotovoltaica em duas centrais que produzirão cerca de 140MWh de energia limpa por ano”, acrescenta o responsável Basílio Simões.

Castelões e Soutelinho da Raia serão as primeiras comunidades de energia em Chaves mas, em Portugal o projeto já está implementado em outras zonas do país. Para o Ministério do Ambiente e da Ação Climática este projeto é “a garantia de que em 100 aldeias nacionais se possam criar estas comunidades energéticas que têm uma tripla vantagem: quem estiver dentro desta comunidade vai pagar menos eletricidade; não haverá combustíveis fósseis e vai haver menos emissões de CO2; e, por último, são invenções espalhadas pelo país fora que vão gerar postos de trabalho”, disse João Pedro Matos Fernandes, Ministro à data da inauguração da iniciativa em Miranda do Douro.

Pensado para levar energia limpa e mais barata, este projeto está aberto a investidores locais mas “as famílias que vivem nestas aldeias que queiram só usufruir também podem fazê-lo, basta inserirem-se como membro da comunidade, mantendo o seu comercializador normal”, explica a empresa.

O programa “100 Aldeias” foi recentemente premiado nos Power Technology Excellence Awards, na categoria de “Impacto Social” que tem como objetivo “combater a pobreza energética, através da criação de comunidades locais de energia renovável e da promoção de boas práticas energéticas junto dessas mesmas comunidades”.