Savannah prevê iniciar produção na mina do Barroso em 2027

 

A Savannah Resources, empresa responsável pelo projeto da Mina do Barroso em Boticas revelou que após um “ajuste de calendário”, relacionado com a demora na conclusão do processo da Servidão Administrativa,  prevê agora concluir o Estudo de Viabilidade Definitivo (EVD) no segundo semestre de 2025, com a conclusão do processo de licenciamento ambiental prevista para uma data próxima, e, adiantou, "o comissionamento e a primeira produção do projeto decorrerão, ainda assim, o mais cedo possível ao longo do ano de 2027".

“Sempre foi nosso desejo poder completar acordos de compra ou arrendamento com todos os proprietários num prazo que tivesse permitido um início mais precoce desta fase de trabalhos. No entanto, embora já tenhamos adquirido para cima de uma centena de terrenos e continuemos a adquirir mais, não foi ainda possível chegar a acordo com todas as partes. Recorremos por isso à figura de servidão administrativa temporária para acesso aos terrenos, um processo comum em projetos industriais como o nosso”, realçou Emanuel Proença CEO da Savannah, citado em comunicado.

“Continuamos empenhados em prosseguir as compras e arrendamentos de terrenos através de acordos amigáveis com todas as partes interessadas relevantes, de forma a que uma expropriação futura abranja o mínimo de parcelas de terreno possível”, acrescentou.

Num balanço dos resultados semestrais, referentes ao período até 30 de junho de 2024, o CEO refere ainda que a nível local a empresa britânica está “cada vez mais presentes, fazendo crescer a nossa equipa e trabalhando com cada vez mais pessoas e entidades da região de que fazemos parte”. Já a nível empresarial, Emanuel Proença explica que o acordo de parceria com a AMG Critical Materials, grupo alemão que comprou uma participação de 15,77% por cerca de 19 milhões de euros, “coloca-nos numa posição sólida, que nos permite encarar as próximas fases do Projeto com solidez e confiança”.

O projeto da Mina do Barroso obteve em maio de 2023 “luz verde” da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) mas no início deste ano, o Ministério Público (MP) defendeu nulidade da Declaração de Impacto Ambiental da mina do Barroso em Boticas.

O MP foi notificado a pronunciar-se na sequência de uma ação judicial interposta pela Junta de Freguesia de Covas do Barroso, em Boticas, para anular a Declaração de Impacte Ambiental (DIA) da mina do Barroso, atribuída ao projeto da empresa Savannah Resources, enviando um requerimento para o Tribunal Administrativo de Fiscal (TAF) de Mirandela onde corre o processo.

A mina do Barroso, cuja área de concessão prevista é de 593 hectares, tem uma duração estimada de 17 anos, dois para instalação, 12 para produção e três para recuperação paisagística de toda a área.

O projeto localiza-se em área classificada como Património Agrícola Mundial. A região do Barroso, que abrange os concelhos de Boticas e Montalegre, mereceu em abril de 2018 a certificação do Sistema Agro-Silvo-Pastoril do Barroso como SIPAM, atribuída pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). O projeto de exploração de lítio e outros minerais a céu aberto é contestado pela população, autarcas locais e também por associações ambientais.

 

Sara Esteves

Foto: Savannah Resources