Nova edição da Revista Aquae Flaviae homenageia os 500 anos de nascimento de Camões

Foi com ‘casa cheia’ que o Grupo Cultural Aquae Flaviae apresentou ao público mais uma edição da sua revista cultural. O número 68 desvenda e divulga vivências e espaços emblemáticos do Alto Tâmega. A obra inclui estudos diversificados de natureza patrimonial, natural e histórica da região, com enfoque em temáticas relativas aos castelos de Monforte de Rio Livre e de Montalegre, aos notáveis transmontanos Bento da Cruz e Abade de Baçal e ainda, como estrela principal, a memorização de Luís Vaz de Camões.

“Parece impossível que Portugal tenha um génio de literatura destes e que a nível nacional, ainda não tenhamos visto aquela grande mensagem ou a grande atividade que mostre o valor deste génio da literatura, que é festejado em todos os lados”, destacou a Presidente da Direção do Grupo Cultural Aquae Flaviae.

Maria Isabel Viçoso orgulha-se de, através da revista, homenagear este poeta português. “Soube numa notícia que li que vai ser festejado [o 500º aniversário] em Nova York por uma fundação que não tem nada a ver com Portugal. Ora, se isto acontece, nós ca em Portugal, e o grupo cultural Aquae Flaviae, orgulha-se imenso de apresentar a capa com o selo que saiu em 1924. Portanto, no seu quinto centenário e veja qual é o ícone, ele a levantar os Lusíadas, a salvá-los no Rio Mecom, quando ele teve um naufrágio. Não há dúvida nenhuma que este é um grande artigo, da autoria do Doutor Machado Barbosa, que nos dá a conhecer a vida misteriosa de Camões”, acrescentou.

CAMÕES E AS LIGAÇÕES A CHAVES

“Não podemos garantir, mas há investigações que nos levam a dizer uma aproximação muito realista que os seus avós viveram em Vila de Nantes e que ele terá passado por cá, porque ele escreve um poema, onde ele fala do castelo de Monforte de Espanha e fala do Vale de Laza, portanto, só alguém que faz um poema a uma pastora que ali existia. O que a tradição, mas a história não conseguiu ainda concretizar é que efetivamente o local onde ele nasceu, onde ele viveu a maior parte do tempo, até porque, são tantos os locais que o pretendem como seu, que de facto, Chaves vê-se sempre aflito para impor alguns argumentos, mas para nós é uma glória imensa apresentar este trabalho”, frisou Isabel Viçoso.

Durante a sessão, José Barbosa Machado, investigador e docente da UTAD, responsável pelo estudo “Diferenças tipográficas na edição de 1572 de Os Lusíadas de Camões”, cativou a atenção de todos os presentes com a demonstração de provas que comprovam a existência de contrafação à edição original de “Os Lusíadas”, datada de 1572. Segundo a autarquia flaviense, “pôde-se observar várias discordâncias entre cópias com a mesma data, nomeadamente nas gravuras que ornamentam a frontispício, encimada pela imagem de um pelicano, que apresenta diferentes posições, bem como no tipo de papel utilizado e na distribuição vocabular”.

Francisco Melo, vice-Presidente da Câmara Municipal enalteceu o trabalho desenvolvido pelo Grupo Cultural Aquae Flaviae. Reconhecendo “Luís de Camões como porta estandarte da identidade lusitana”, o autarca dirige-se aos contrafatores do livro, como “heróis nacionais, pois apesar do delito, permitiram que na clandestinidade se lê-se a exaltação dos valores pátrios e se criasse uma ideia de identidade nacional, que possibilitou resistir à diluição cultural que a ocupação filipina poderia ter originado”. Ressalvou, também, que viabilizou a “difusão da nossa história e o modo de nos expressarmos em português”.

Nesta edição são abordadas outras temáticas que são efemérides. “Registamos os 750 anos do foral de Montalegre e do seu castelo e do foral de Monforte de Rio Livre e do seu castelo, que 750 anos que foi outorgado por Afonso III”. Um trabalho elaborado pelo professor José Dias Batista, um investigador barrosão, com uma recordatória de Gorete Afonso, diretora da educação sociocultural em Montalegre.

“Temos também um trabalho de um professor universitário da Universidade Nova, que não conheço, mas que fez questão de me mandar um trabalho, pedindo que fosse publicado na revista Aquae Flaviae, que são as armas do castelo de Montalegre, portanto associado ao castelo, vem este trabalho deste professor”, salientou ainda a presidente do Grupo Cultural Aquae Flaviae.

Outra efeméride destacada nesta obra é de Abade de Baçal, uma figura nacional, pároco em Mairos. Um trabalho desenvolvido por Alípio Afonso para complementar a biografia desse homem tão relevante que faleceu aos 82 anos.

Depois do número 68, o Grupo Cultural Aquae Flaviae irá lançar, no próximo ano, uma nova edição dedicada aos “nossos maiores, nomeadamente o Mestre Morais Soares”.

 

Sara Esteves

Fotos: Carlos Daniel Morais