Augusto Oliveira
02/05/2024
No dia 1º de maio, o mundo celebra o Dia Internacional do Trabalhador, uma data que não apenas reconhece as conquistas dos trabalhadores ao longo da história, mas também destaca as lutas contínuas por condições de trabalho justas e dignas.
Este dia tem suas raízes nas lutas dos trabalhadores no final do século XIX, quando eles se uniram para exigir melhores condições de trabalho, como jornadas mais curtas, salários justos e direitos básicos. Em 1886, uma greve geral em Chicago, nos Estados Unidos, culminou em um conflito onde trabalhadores foram brutalmente reprimidos pelas autoridades enquanto protestavam por uma jornada de trabalho de oito horas. Este evento marcou um ponto crucial na luta pelos direitos dos trabalhadores e solidificou o 1º de maio como um dia de manifestação e solidariedade.
Desde então, o 1º de maio tem sido um momento para refletir sobre as conquistas dos trabalhadores e também para reafirmar o compromisso com a justiça social e econômica. Apesar dos avanços alcançados ao longo dos anos, muitos desafios persistem. Questões como desemprego, desigualdade salarial, condições de trabalho precárias e falta de proteção social continuam a afetar milhões de pessoas em todo o mundo.
Hoje, mais do que nunca, o Dia Internacional do Trabalhador é uma oportunidade para renovar o compromisso com a construção de um futuro onde todos os trabalhadores sejam tratados com dignidade e respeito. É um lembrete de que a solidariedade e a união dos trabalhadores são essenciais para enfrentar os desafios do presente e do futuro.
Neste 1º de maio, é importante reconhecer e honrar o trabalho árduo e a dedicação dos trabalhadores em todas as partes do mundo. E é fundamental continuar a luta por condições de trabalho justas, equidade e justiça para todos. Somente através da solidariedade e da ação coletiva podemos construir um mundo onde o trabalho seja valorizado e todos tenham a oportunidade de prosperar.
EM PORTUGAL
O primeiro 1º de Maio de 1974 foi um dia marcante na história do país. Foi o primeiro Dia do Trabalhador celebrado em liberdade após quase cinco décadas de ditadura. Estima-se que mais de um milhão de pessoas tenham saído às ruas de Lisboa para participar da manifestação, que foi liderada por Álvaro Cunhal e Mário Soares.
A manifestação foi um marco na Revolução, que derrubara o regime ditatorial no mês anterior. Foi uma oportunidade para o povo português celebrar a sua nova liberdade e expressar as suas esperanças por um futuro melhor.
Para quem viveu este 1º de Maio de 1974, ficou com uma lembrança poderosa do entusiasmo e da esperança que marcaram aquele período da história portuguesa. A multidão que se reuniu em todas as cidades, vilas e aldeias do país, empunhando cravos vermelhos, símbolo da revolução. Os cartazes e faixas pediam paz, pão, saúde, habitação e acima de tudo liberdade.
Após anos de repressão e censura, o Dia Internacional do Trabalhador ganhou uma nova dimensão em Portugal. Tornou-se não apenas uma ocasião para celebrar as conquistas dos trabalhadores em todo o mundo, mas também para refletir sobre as lutas travadas pela classe trabalhadora portuguesa na busca por melhores condições de trabalho e justiça social.
A Revolução dos Cravos não apenas libertou Portugal do jugo autoritário, mas também abriu caminho para a consolidação dos direitos laborais. Os trabalhadores portugueses passaram a ter voz ativa na defesa de seus interesses, sindicatos foram legalizados e as negociações coletivas se tornaram prática comum.
Assim, a celebração do Dia Internacional do Trabalhador em Portugal pós-25 de Abril tornou-se um momento de reconhecimento e gratidão pelas conquistas alcançadas, mas também de renovação dos compromissos em prol da justiça social e da dignidade no trabalho. É uma oportunidade para relembrar as lutas do passado, honrar aqueles que tombaram e lutaram por direitos dos trabalhadores e inspirar as gerações futuras a continuarem a batalha por um mundo mais justo e equitativo para todos os trabalhadores.
O curioso é constarmos que 50 anos depois da Revolução de Abril, as reivindicações dos trabalhadores no 1º de Maio, podem variar de acordo com o contexto político, econômico e social do momento. Mas as suas reivindicações são praticamente as mesmas de há 50 anos atrás: Combater a exploração e afirmar Abril por um Portugal com futuro
Salários dignos: Os trabalhadores frequentemente pedem aumentos salariais para acompanhar o custo de vida e garantir condições de vida adequadas para si e suas famílias.
Condições de trabalho seguras: A exigência por locais de trabalho seguros, medidas de segurança ocupacional adequadas e proteção contra riscos à saúde no ambiente de trabalho são comuns.
Redução do horário de trabalho: Os trabalhadores lutam por uma redução dos horários de trabalho semanal, com o objetivo de alcançar um melhor equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
Proteção do emprego: Garantias de estabilidade no emprego, proteção contra demissões arbitrárias e medidas para combater o desemprego e a precariedade são preocupações frequentes.
Igualdade e inclusão: Reivindicações pela igualdade de oportunidades, eliminação de discriminação no local de trabalho com base em gênero, etnia, religião ou qualquer outra característica são comuns.
Acesso à saúde e educação: Os trabalhadores podem exigir políticas que garantam acesso universal a serviços de saúde e educação de qualidade, incluindo cuidados infantis acessíveis e educação pública gratuita.
Proteção dos direitos do trabalho: Exigências por direitos sindicais, negociação coletiva, proteção contra práticas abusivas e injustas e garantia de condições justas de trabalho também estão entre as reivindicações comuns.
Essas são apenas algumas das principais reivindicações que os trabalhadores podem e devem exigir no Dia 1º de Maio, e é importante lembrar que estas reivindicações podem variar de acordo com o contexto político e social específico de cada país ou região.
Augusto Oliveira
Ex: Dirigente Sindical
(este artigo de opinião é da inteira responsabilidade do autor)
Augusto Oliveira