SC Vila Pouca de Aguiar sofre revolução no plantel e vê futuro na formação

A atravessar uma fase de transição, com várias novidades, o líder da Comissão Administrativa do clube, Hugo Pinto, o novo treinador, Renato Coimbra, e o Coordenador da Formação, Nuno Perdigão, esmiuçaram o presente e o futuro do Sport Clube Vila Pouca de Aguiar, conjunto que milita na Divisão de Honra da Associação de Futebol de Vila Real (AFVR).

Hugo Pinto quer apostar na formação e numa gestão “sustentada”

Com o objetivo de percorrer os mesmos passos da antiga direção, tendo Filipe Nascimento liderado o emblema aguiarense durante cerca de 13 anos, Hugo Pinto, Presidente da Comissão Administrativa, que tomou, recentemente posse, pretende gerir o clube “de uma forma sustentada, sem entrar em grandes loucuras”. O mesmo revela ainda que da anterior direção não ficou qualquer dívida por liquidar seja a “atletas ou fornecedores”, tendo inclusive acumulado crédito na associação, “algo que não é normal e quem conhece a realidade do futebol distrital, de facto não é comum nos clubes de futebol”.

Uma cautela financeira que, por vezes, implica um desdobramento maior aquando da construção dos plantéis.

“Épocas após épocas, os jogadores quando aqui fazem boas temporadas, recebem convites de rivais, que têm outro tipo de vencimentos e que fazem ofertas a esses jogadores que em muitos casos até duplicam aquilo que eles ganham aqui. Como temos a política de sermos financeiramente responsáveis, acabamos por não conseguir segurar os jogadores e temos de refazer o trabalho todo e ir buscar, novamente, jogadores novos”, referiu Hugo Pinto.

A aposta deste clube aguiarense em ‘sangue novo’ vai desde a formação aos seniores. A contratação do técnico de 28 anos, Renato Coimbra, é, segundo Hugo Pinto, reflexo disso.

“Contratamos um treinador jovem, seguindo um planeamento de formação, é um treinador da linhagem do professor Nuno Perdigão, ou seja, os seniores vão estar em consonância com a política da formação, vamos apostar em jovens com talento, com formação em clubes de nível nacional, e, claro, vamos ter alguns jogadores com experiência”, explicou o dirigente.

Novo timoneiro promete “causar muitos problemas a todas as equipas”

Natural de Amarante, Renato Coimbra chega a Vila Pouca de Aguiar, acompanhado pelo seu adjunto Jorge Oliveira e pelo treinador de guarda-redes Alex Vila Nova, incentivado pelo projeto desportivo e crente que o emblema aguiarense tem “pernas para crescer”.

Prestes a viver a primeira experiência como treinador principal de uma equipa sénior, o jovem treinador elogiou as condições de treino e a ambição dos aguiarenses.

“O SC Vila Pouca de Aguiar é um clube que tem pernas para crescer, se virmos as condições de treino e a ambição do seu novo presidente, certamente, o clube irá crescer de forma uma sustentável. O clube, a nível sénior, quer fazer uma aposta clara nos jogadores mais jovens para que eles possam crescer e, sem dúvida, que mesmo não entrando em grandes loucuras, vamos continuar a ser competitivos, dado também aquilo que são as condições de trabalho, que são, sem dúvida, as melhores do distrito”, disse Renato.

Oriundo do CD Celoricense, onde, enquanto treinador-adjunto, ajudou os celoricenses a garantir a subida ao Campeonato de Portugal, Renato Coimbra garante que o facto de nunca ter treinado no distrito de Vila Real não será entrave.

“Se calhar não sou um conhecedor muito ativo [da Divisão de Honra da AFVR], porque como vivo em Amarante conheço melhor a Associação de Futebol do Porto, contudo já vi muitos jogos da AFVR e sou conhecedor dos seus plantéis. Acho que a distrital de Vila Real tem crescido nos últimos anos, penso que há quatro ou cinco anos, não havia tantas equipas competitivas como existem agora, há muitos clubes que têm crescido, outros que têm evoluído a nível financeiro, e isso é bom para a competição e para todos”, revelou o técnico amarantino.

Ano de transição, quer a nível de direção, quer a nível de plantel

A construção do plantel do SC Vila Pouca de Aguiar para a próxima temporada 2025/2026 está em curso, numa época em que os dirigentes aguiarenses vivem um “caso muito específico”, tendo “80% do plantel acabado por sair”.

Hugo Pinto explica que a saída de Armando Lopes para o FC Santa Marta acarretou também a partida de, pelo menos, sete jogadores.

“O nosso ex-treinador assinou pelo Santa Marta [Armando Lopes] e achou por bem contactar vários jogadores nossos, não sei precisar quantos foram, acho que até agora assinaram sete jogadores, mas pelo que sei, contactou na grande parte do plantel, 10 ou 11 jogadores. Esses atletas após receberem as propostas, acharam que deveriam ir por causa do projeto desportivo, ou porque, na maioria dos casos, era financeiramente mais proveitoso para eles. Portanto, tivemos de os deixar sair, embora não quiséssemos, mas tivemos de respeitar e aceitar a decisão deles”, referiu.

Tendo em conta este número avultado de saídas, Hugo Pinto, que há vários anos exerce a função de Diretor Desportivo, decidiu, nesta fase inicial, acumular funções, sendo responsável por “todas as contratações, desde a equipa técnica aos jogadores”. O dirigente revela ainda que Nuno Márcio Saraiva, ex-atleta do clube, assumirá, após o início dos trabalhos na pré-época, o cargo.

No que diz respeito à próxima temporada, Hugo Pinto assume que “os jogadores que se mantiveram são, na sua maioria, os mais antigos do clube e aqueles que mais desejávamos que ficassem, como foi o caso do capitão Pedrinho, do Felipe Silva, do Danny, do Jorge Martins e do Carlos Baralhó. São, todos eles, jogadores que já têm o espírito do SC Vila Pouca, que conhecem o espírito do clube e foi muito importante que eles ficassem”.

Renato Coimbra partilha da mesma opinião e admite que o facto de ter “uma equipa praticamente nova” torna a tarefa mais “difícil”, mas “sem dúvida que vamos ser competitivos”.

“Houve jogadores que fiquei muito satisfeito de terem renovado, já outros decidiram seguir o seu caminho. Tendo uma equipa praticamente nova e tendo muitos jogadores jovens, sabemos que vai ser uma tarefa difícil, mas não impossível, porque estamos a trazer gente competente, com muita qualidade, jovens que querem crescer, e acho que vamos causar muitos problemas a todas as equipas. Sem dúvida que vamos ser competitivos, há muitos jogadores que não são conhecidos, mas que vão começar a ser neste próximo ano”.

Vila Pouca terá um projeto alinhado desde o escalão mais jovem até aos seniores

Focado em apostar na camadas jovens, Hugo Pinto escolheu Nuno Perdigão para ocupar o cargo de Coordenador da Formação, alguém que é da sua “confiança pessoal” e a quem reconhece “capacidades para vir e para agregar qualidade aqui ao clube e para colocar a formação numa numa linha de sucesso”. O objetivo é ambicioso e passa, de acordo com o dirigente dos aguiarenses, por “ter todos os escalões de formação, trabalhar com qualidade, com técnicos capacitados, e num curto prazo de tempo ganhar títulos e ter equipas nos campeonatos nacionais”.

Nuno Perdigão, com o Grau III de Futsal (UEFA A) e o Grau II de Futebol (UEFA B), será responsável pela contratação e recrutamento de recursos humanos para todos os escalões, seleção e angariação de jovens atletas, e ainda pelo trabalho em sinergia com as instituições do concelho, como o agrupamento de escolas.

O novo Coordenador da Formação, tem como objetivo estender a formação dos sub-14 até aos juniores.

“O clube, no ano passado, tinha todos os escalões até sub-14 e queremos completar ou queremos dar a sequência a isso, ou seja, os sub-16 como consequência dos sub-14 e a abertura dos juniores, um escalão que já não existe há 13 anos, desde a reabertura do clube, nunca foi possível fazer juniores. Temos o desejo e o desafio de tentar reabrir os juniores, não conseguimos, neste momento, dizer se será viável ou não, mas vamos avaliar se é possível ter todos os escalões, algo que seria ótimo”.

Nuno Perdigão assume ainda que, apesar do clube ter “excelentes instalações”, nem sempre estão disponíveis.

“As infraestruturas não são do SC Vila Pouca, são do município e vários clubes se servem delas, e inclusive a AFVR, através do curso de treinadores e das seleções distritais, ocupando uma boa parte dos espaços disponíveis, ou seja, parece que temos "excelentes instalações", que temos de facto, mas nem sempre estão disponíveis para o SC Vila Pouca. Isso, às vezes, também é um entrave a um crescimento maior do clube, porque elas não são geridas, única e exclusivamente, pelo SC Vila Pouca”.

Recorde-se que o arranque da Divisão de Honra da AFVR tem data marcada para domingo, dia 7 de setembro.

Diogo Batista
Foto: DR


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18/07/2025

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