Tribunal suspende servidão administrativa concedida à Savannah Resources

Todos os trabalhos que estão a ser realizados nas parcelas em que a empresa entrou em dezembro, ao abrigo de um processo de servidão administrativa, devem ser suspensos.

O Tribunal Administrativo e Fiscal de Mirandela aceitou uma providência cautelar interposta pelas partes afetadas a pedir a suspensão imediata da servidão administrativa concedida à Savannah Resources para poder aceder a terrenos privados e baldios das aldeias de Covas do Barroso e Romaínho, no concelho de Boticas, para a prospeção de lítio.

O despacho suspende todos os trabalhos na área de servidão até decisão futura do tribunal. Esta quinta-feira, as comunidades destas duas aldeias estão no terreno para “assegurar a suspensão imediata dos trabalhos e travar um projeto que ameaça o seu bem-estar, as serras e o futuro do Barroso”, referiu a Associação Unidos em Defesa de Covas do Barroso.

A população está no terreno a certificar-se de que as máquinas param. “Estamos no terreno a ver se as máquinas param e se saem das terras. Neste local onde estamos estão paradas, não vemos aqui ninguém”, assegurou Nélson Gomes, um dos elementos desta associação.

Em comunicado, a Associação Unidos em Defesa de Covas do Barroso, a Comunidade de Baldios e a Junta de Freguesia de Covas do Barroso referem que “o tempo da servidão acabou”.

“Vimos isto com bons olhos. Não faz sentido nenhum o Governo emitir uma servidão e permita que uma empresa privada entre nos terrenos e façam a destruição total como estão a fazer. Temos aqui terrenos que praticamente a destruição que fizeram é irreversível. São danos que não são passíveis de mitigar”, disse ainda Nélson Gomes ao Canal Alto Tâmega.

Segundo estas três entidades, que há sete anos se opõem à exploração de lítio e outros minerais a céu aberto, o Ministério do Ambiente foi notificado na quarta-feira, 5 de fevereiro, e estará obrigado por Lei a cumprir a decisão.

Em outubro, a Savannah Resources recorreu à figura de servidão administrativa temporária para acesso aos terrenos privados e baldios de Covas do Barroso, tendo sido concedido, conforme despacho publicado em Diário da República a 6 de dezembro, pelo Gabinete da Secretária de Estado da Energia. A secretária de Estado da Energia, Maria João Pereira, autorizou a constituição de servidão administrativa, pelo prazo de um ano. Essa servidão foi agora suspensa pelo Tribunal Administrativo e Fiscal de Mirandela.

Face à notícia, a Savannah Resources confirmou ter sido notificada da providência cautelar e garante que os trabalhos foram suspensos, estando apenas a decorrer manobras de segurança.

“Confirmamos que fomos notificados da providência cautelar. Já a esperávamos e com normalidade a acatamos. As equipas no terreno pararam já temporariamente o trabalho que têm vindo a fazer nos últimos dois meses, estando hoje apenas a fazer manobras de segurança”, disse a empresa em nota enviada à redação.

A Savannah Resources refere ainda que, “a providência cautelar é um direito estabelecido na lei, tal como as suas consequências para todos. Com serenidade, trataremos este processo como os tantos outros já intentados pelo mesmo grupo opositor, e esperamos regressar ao trabalho rapidamente.”

Na nota enviada a empresa não adianta se esta paragem poderá interferir com a data de início de produção, prevista para 2027.

 

Sara Esteves

Foto: DR


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06/02/2025

Sociedade

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