MONTALEGRE: ''A Mineração está no ADN de Montalegre e do Barroso''

Foi durante o discurso do Dia do Município que o Presidente da Câmara Municipal de Montalegre abordou o tema da Mineração e relembrou ser um assunto quente, que está à porta, e que não pode ser camuflado, mesmo em dia de festa.

A vila de Montalegre celebrou na quinta-feira, 9 de junho, o Dia do Município. Na cerimónia, Orlando Alves não quis esconder do povo barrosão o tema da mineração. O autarca começou por dizer que ''nenhum país do mundo que tem recursos enjeita em explorá-los. Só nós é que temos o recurso da mineração, que assusta pelos vistos algumas pessoas, quando o que nos devia verdadeiramente assustar é o território ficar sem gente''.

Para o Presidente da Câmara Municipal de Montalegre e o seu executivo, a extração de substâncias minerais ''deve ser ou pode ser, uma excelente oportunidade para equilibrar o povoamento do território'' e por isso, ''não podemos deixar-nos dominar por medo ou inquietações. Nós estamos aqui para preparar o futuro da nossa terra'', explicou o autarca.

Orlando Alves refere-se essencialmente à exploração de volfrâmio em Minas da Borralha, no concelho de Salto, aldeia que chegou a ser um dos principais centros mineiros de exploração deste minério no país e que fechou em 1986, existindo agora a vontade de reativação das minas.

''A mineração está no ADN de Montalegre e do Barroso. Eu vivi durante anos e anos, numa terra com minas'', referiu o autarca, natural de Salto. ''Admito que riscos corremos sempre, mas dentro do deve e o haver, eu não tenho dúvida nenhuma, que o aproveitar de um recurso será sempre mais lucrativo do que o medo de deitar mãos à obra. Saibamos tirar proveito dos recursos que a mãe natureza coloca ao nosso alcance. Ter recursos, não é nenhuma maldição'', salientou o autarca.

As Minas da Borralha abriram em 1902 e foi durante várias décadas, o principal pólo empregador e populacional de Montalegre, chegou a mobilizar 2.000 trabalhadores. Desde o seu fecho, e praticamente até 2015, que ficou ao abandono, embora ainda residam, segundo os censos de 2011, 243 habitantes.

''Barroso tem a mineração no seu ADN e a época mais esplendorosa foi quando decorria a mineração no Baixo Barroso e a produção de batata no Alto Barroso, caminharam lado a lado. Nada há portanto a recear'', explica o autarca barrosão que aguarda a decisão do Estudo de Impacto Ambiental. ''Está para breve [a decisão] e cá estaremos como prometido para defender o interesse daqueles que virão as suas propriedades e os seus modos de viver alterados com este desígnio que é nacional, é mundial e não está nas nossas mãos fazer parar'', disse Orlando Alves.

''É bom sermos Reserva da Biosfera, ''Santuário'' da Biodiversidade e Património Agrícola Mundial, dá prestígio sim, mas não dá ganhos sobretudo, para a causa do povoamento''. A reativação das Minas da Borralha pretende criar postos de trabalho, desenvolver o comércio e toda a atividade económica mas a decisão é contestada por ativistas que se mostram preocupados com as questões ambientais, agrícolas e de bem-estar e saúde.

''Somos a favor de tudo quanto representa desenvolvimento, criação de riqueza, de bem-estar, criação de postos de trabalho e de fixação de pessoas no território desde que, tudo se faça no respeito pelos valores ambientais, patrimoniais e paisagísticos, que são imagens de marca da pátria barrosã'', recorda o Presidente da Câmara Municipal de Montalegre.


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11/06/2022 Jornalista: Sara Esteves Repórter de imagem: Carlos Daniel Morais

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