CHAVES: Bullying nas escolas é uma realidade para a qual não adianta fugir

Segundo as autoridades é na adolescência, dos 10 aos 15 anos, que se verificam a maior parte dos casos de bullying nas escolas, com agressões, ameaças e insultos, mas os Agrupamentos de Escolas dizem estar atentos e em articulação com a PSP e com a GNR, contrariando os números em termos nacionais, os casos de bullying são cada vez menos.

O bullying é um conjunto de atos que servem para descrever atos de violência física ou psicológica, intencionais e reiterados, praticados por uma ou mais pessoas no contexto de uma relação desigual de poder, causando dor e angústia na vítima. Atualmente, e associado ao recurso às novas tecnologias, nomeadamente às redes sociais, o bullying tem assumido novos contornos, dando origem à vertente virtual do ciberbullying.

Assim, pais, mães e cuidadores devem estar atentos e adotar estilos de relação que minimizem o impacto da situação nas crianças e jovens e para que estes sintam abertura para contar o que lhes está a acontecer.

Por norma os sinais de alerta são silenciosos, aconselhando-se os responsáveis pelas crianças ou até mesmo amigos, a estarem atentos a sinais, tais como alterações de humor, abatimento físico ou psicológico, sinais de impaciência ou ansiedade, queixas físicas permanentes, nódoas negras, irritabilidade extrema, ou qualquer outra mudança de comportamento. A violência ocorre sempre fora da visão dos adultos e grande parte das vítimas esconde ou evita a denúncia da agressão sofrida.

Pese embora o bullying não se encontrar tipificado na legislação penal como crime, o mesmo está associado a vários crimes tais como crimes de ofensas à integridade física, injúrias, ameaça e coação, correspondendo aos comportamentos mais frequentes e é por esse facto e para travar o crescente aumento de bullying nas escolas, que as autoridades, PSP e GNR, com as suas divisões de Escola Segura, desenvolvem um esforço significativo, nomeadamente em ações de sensibilização e campanhas, com temas associados à violência, à cidadania e não-discriminação.

No Alto Tâmega e dispomos apenas dos dados da Guarda Nacional Republicana, pois por parte do Comando Distrital da PSP de Vila Real não nos foi dada qualquer resposta, entre o último ano letivo e o ano que decorre foram apenas referenciados 7 casos de bullyihg, mas a GNR, mais concretamente o Destacamento Territorial de Chaves, já realizou mais de uma centena de ações de sensibilização, denotando-se, e segundo esta instituição, sensibilidade por parte dos jovens, cada vez mais atentos e denunciantes junto dos professores e até mesmo das autoridades.

Nos Agrupamentos de Escolas da cidade de Chaves, as que concentram maior número de alunos no Alto Tâmega (Júlio Martins, Fernão Magalhães e António Granjo), não se tem verificado casos e os seus responsáveis realçam o papel importante das ações de sensibilização e policiamento de proximidade.

Ana Paula Carvalho, diretora do Agrupamento de Escolas António Granjo referiu que “muitas vezes as pessoas confundem o que é bullying. As guerrinhas não podem ser vistas como tal. Bullying com a verdadeira essência da palavra, nós não temos tido nada de extraordinário. Brigas entre eles, vamos tendo, mas vamos tentando resolver para evitar que cheguem a situações de bullying. Sempre que temos algum conhecimento ou desconfianças sobre algum caso, reportamos para a PSP e os agentes da Escola Segura colaboram sempre aparecendo de imediato e dando o devido tratamento aos casos, que diga-se na maioria dos vezes não passa de brigas que agora as pessoas confundem muito e apelidam logo de bullying.”

Segundo Ana Paula Carvalho, o ano passado, “tivemos uma situação de Ciberbullying mas as autoridades prontamente identificaram e resolveram a situação”.

No Agrupamento de Escolas Fernão Magalhães, o seu diretor Luiz Mário Carneiro garante que não existem casos, mas esclarece que “é necessário fazer um enquadramento, pois estas crianças e jovens passaram dois anos sem convívio social nem brincadeiras e muitas vezes há tendência para generalizar comportamentos, classificando-os como bullying e na nossa maneira de ver não se enquadra, pois para o ser tinha de ser de forma intencional e continua. O que se verifica é ausência dos limites das brincadeiras. Os professores e os funcionários estão atentos aos comportamentos e sempre vigilantes”.

Para o professor Mário Carneiro existe neste momento “um exagero muito grande de jogos violentes nos computadores e telemóveis. Isso contribui para esses comportamentos mais violentos por parte dos mais novos, mas bullying não temos e as autoridades estão atentas. Sempre que solicitados marcam presença na escola e até nos horários de entrada e saída onde pode, eventualmente, existir mais confusão.”

O Agrupamento de Escolas Dr. Júlio Martins, nos últimos tempos e segundo o diretor, Gil Alvar “têm existido algumas situações de conflitos. Este ano já tivemos, juntamente com a PSP, um programa de sensibilização para que os alunos, principalmente os do ensino básico, que é onde os casos acontecem, tomem consciência da temática do bullying, como se pode evitar e identificar. Nos casos identificados são sempre tomadas medidas disciplinares e o caso é encaminhado e relatado para as autoridades, que diga-se são ágeis a intervir e a identificar o problema. O Gabinete de Gestão de Conflitos faz sempre o acompanhamento de todas as situações e casos graves não temos”, frisou o professor.

No âmbito das suas competências em matéria de prevenção criminal, as autoridades tem desenvolvido uma série de ações de sensibilização relacionadas com o bullying, maioritariamente em contexto escolar, mas muitas vezes extensíveis aos pais, professores e funcionários, alertando para os sinais de alerta que devem procurar denunciar e saber reconhecer, no contexto escolar e em ambiente familiar.

Independentemente de todo o trabalho que se possa ter no exterior, ambas as forças da ordem (PSP e GNR), dispõem de sala de apoio à vítima com pessoal especializado para receber e tratar convenientemente este tipo de queixas.


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26/10/2022 Jornalista: Paulo Silva Reis Repórter de imagem: Carlos Daniel Morais

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