Subscritor de petição defende reabertura da Linha do Corgo em audição

A Assembleia da República ouviu na quinta-feira, 04 de dezembro, Daniel Conde, promotor da petição “Reabertura da Linha do Corgo” com mais de mil assinaturas e que exige a reabertura da linha que atravessa Peso da Régua, Santa Marta de Penaguião, Vila Real, Vila Pouca de Aguiar e Chaves.

A Comissão de Infraestruturas, Mobilidade e Habitação realizou na quinta-feira, 4 de dezembro, a audição dos peticionários, promotores da petição “Reabertura da Linha do Corgo”, tendo ouvido Daniel Conde promotor da petição subscrita por mais de mil cidadãos.

No arranque da audição, conduzida pelo deputado socialista José Barbosa, nomeado relator da petição, Daniel Conde recordou o encerramento em 1990 de 71 quilómetros de ferrovia e em 2009 dos restantes 25 quilómetros tendo colocado mais de 66 mil cidadãos “reféns do transporte rodoviário”, por “imposição do Estado”.

O subscritor revela que a petição pede uma “decisão política responsável” para o prosseguimento do processo da reabertura da linha do Corgo. Na sessão mostrou o custo da inexistência de ferrovia em Trás-os-Montes e apontou o comboio como a “segunda opção mais barata” numa deslocação, por exemplo no troço entre Vila Real e Vila Pouca de Aguiar. O subscritor abordou ainda o custo no turismo, tendo relembrado que sete quilómetro desta linha está inserida no Douro Vinhateiro, Património da Humanidade e no eixo termal Pedras Salgadas-Chaves entre outros recursos turísticos.

Daniel Conde admite que “estamos em total contraciclo com os restantes parceiros europeus”, onde “todos os anos há reaberturas de linhas ferroviárias com verbas do PRR [Plano de Recuperação e Resiliência]”, instando os deputados a aprovar a reabertura da Linha do Corgo.

Seguiu-se o debate entre os deputados, tendo a deputada Manuela Tender do Chega, eleita pelo distrito de Vila Real reafirmado que “urge inverter o despovoamento e a falta de emprego e de investimento na região”, apontando necessária a reabertura desta linha. “Infraestruturas e mobilidade são fator de atratividade e competitividade de empresas no território. A dependência do transporte rodoviária contribuiu para uma pegada ambiental e tem um impacto significativo para famílias e empresas”.

O deputado Amílcar Almeida do PSD reconheceu a importância “histórica”, “identitária” e “emocional” da linha, mas pediu “responsabilidade” na “complexidade” do tema, uma vez que “desde o encerramento da linha grande parte do corredor ferroviário foi ocupado com hortas, áreas privadas, acessos informais, projetos de mobilidade, trilhos pedonais e em alguns troços ciclovias já consolidadas”. Uma realidade que, segundo o deputado valpacense coloca “desafios significativos em termos de traçado, expropriações, reposição de infraestruturas e custos”. Refere ainda que uma eventual reabertura da linha do Corgo exigiria “estudos técnicos aprofundados, análise rigorosa custo/benefício e uma avaliação séria da procura efetiva tanto para passageiros como para eventuais usos turísticos ou logísticos”.

Já José Carlos Barbosa (PS) frisou que o Parlamento deve trabalhar para “fazer um estudo custo-benefício” e que ao incorporar o turismo não tem dúvidas que haverá benefícios, disse durante a sua intervenção. Admitiu acompanhar “com atenção” os argumentos do peticionário.

Ao longo da audição, outros deputados manifestaram a sua visão sobre esta petição.

Encerrada há 16 anos, a linha ferroviária do Corgo, entre Peso da Régua e Chaves, com uma extensão de 96 quilómetros, foi encerrada em duas fases. O primeiro troço fechado foi entre Vila Real, Vila Pouca de Aguiar e Chaves, em janeiro de 1990, e depois, já em março de 2009, encerrou a ligação entre Vila Real, Santa Marta de Penaguião e Peso da Régua. Este último troço foi encerrado no dia 25 de março de 2009, há 16 anos, por decisão do Governo PS de José Sócrates, que alegou razões de segurança.

A Linha do Corgo atravessa Peso da Régua, Santa Marta de Penaguião, Vila Real, Vila Pouca de Aguiar e Chaves e serve diretamente as cidades do Peso da Régua, Vila Real, e Chaves, e as vilas de Vila Pouca de Aguiar e de Vidago, com um total de 30 estações, distribuídas ao longo de 21 freguesias e servindo um total de 66 mil cidadãos. Em muitos dos troços, os municípios criaram ecopistas. Em Chaves a antiga estação de Vidago deu lugar a um balneário pedagógico ligado à atividade termal e em Vila Pouca de Aguiar, as antigas estações também deram lugar a albergues que servem os peregrinos que fazem o Caminho de Santiago.

 

Foto: ARTV


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05/12/2025

Sociedade

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