Feira das Cebolas com bom tempo trouxe produtores e visitantes até Vila Pouca de Aguiar

A edição de 2025 da Feira das Cebolas, que decorreu de 25 a 27 de setembro, foi brindada com bom tempo, ao contrário do ano anterior, proporcionando um cenário mais agradável, que convidou a uma maior presença de produtores de cebola e outros produtos locais, com cerca de 50 produtores no geral, assim como atraiu mais visitantes até terras aguiarenses.

Com origens seculares, a Feira das Cebolas é um dos eventos de maior relevância para o concelho de Vila Pouca de Aguiar que este ano contou com três dias repletos de atividades, incluindo as competições tradicionais como o Concurso da Maior Cebola, o Concurso Pecuário, o Campeonato do Jogo do Malhão, a Corrida de Burros e a Corrida de Cavalos de Passo Travado. Também fez parte da programação do evento a habitual mostra de carneiros e a chega de bois que continuam a atrair muita atenção e curiosidade dos visitantes.

Houve duas desfolhadas à moda antiga, uma que incluiu a participação dos Jardins de Infância do concelho aguiarense onde a Filandorra também fez o que de melhor sabe fazer ao animar miúdos e graúdos, e uma à noite, que contou com animação pelo grupo de cantares Aguavelames. O grupo musical Zé das Concertinas e Amigos desfilou pelas ruas da vila para dar ainda mais ânimo à feira.

Na edição deste ano, houve uma novidade com a demonstração de Mondioring pela equipa No Stress Treino Canino, com atividade em Vila Pouca de Aguiar, que tem como objetivo treinar cães para a vida civil, assim como criar e treinar cães, de forma específica, para servir as forças policiais e militares.

Destaque para o Baile das Cebolas, no segundo dia de feira à noite, que animou a Praça Camilo Castelo Branco e que ficou a cargo de Ruizinho de Penacova.

Além da possibilidade de comprar cebola, o legume central que dá o nome à feira, e outros produtos locais, a restauração também foi muito procurada com várias tasquinhas e restaurantes associados, onde é possível degustar o produto rei da feira em diversos formatos e ainda outros produtos da terra. Os alunos do curso profissional de Cozinha e Pastelaria também marcaram presença no primeiro dia de feira, demonstrando as suas aptidões, já que haviam confecionado bolinhos de cebola que foram oferecidos aos visitantes do certame.

 

“A feira mais tradicional de Vila Pouca de Aguiar”

Ana Rita Dias, Presidente da Câmara Municipal de Vila Pouca de Aguiar reforça que esta é uma “feira tradicional em que os agricultores se encontram para viver as tradições, seja na venda da cebola, que já é tradição secular, seja também nas atividades agrícolas”. Sendo dia 25 uma quinta-feira, houve espaço para prolongar a feira para três dias, até o fim-de-semana, com o intuito de “dar mais visibilidade e mais dinâmica a esta feira, que é a mais tradicional de Vila Pouca de Aguiar”.

A autarca refere que as características dos produtos já são conhecidas e que habitualmente os visitantes já vêm “procurar produtos de qualidade e de excelência”. Para os produtores e para o comércio local também há vantagens, uma vez que traz uma “dinâmica da economia muito importante, com rentabilidade”. Ana Rita Dias considera que “é uma feira que se interliga muito bem para os produtores, consumidores e comércio local e que temos que manter e apostar nela”.

 

O que dizem os produtores de cebola

Zélia Portugal tem 65 anos, vem da União das Freguesias de Loivos e Póvoa de Agrações, em Chaves, e faz a Feira das Cebolas há 10 anos trazendo cebola doce. A neta, Sofia da Eira, de 23 anos, veio de França para ajudar. Diz que este ano a “cebola é boa, mas muito pouca”, explicando que habitualmente cultiva para cerca de sete mil quilos de cebolas e que este ano contabilizou menos de dois mil, por causa do acidente do marido.

Quanto ao segredo para a qualidade da sua cebola, Zélia Portugal revela que procura “as luas para a cebola não grelar, se eu plantar a minha cebola no quarto crescente, eu arranco no quarto crescente. Se eu plantar no quarto minguante, arranco no quarto minguante. Porque na lua nova, ela estraga e espiga muito mais depressa”. Refere que não coloca herbicida na plantação, apenas adubo, e que depois é necessário “muito trabalho e arrancar as ervas”.  O preço da sua cebola era a um euro e vinte e cinco cêntimo o quilo e considera que “para haver pouca cebola, havia de se vender mais, mas o pessoal não tem dinheiro”, diz a produtora de cebola.

 

Marcelo Borges levou até à Feira o seu comércio, a Frutaria Borges, sediada no Mercado de Vila Pouca de Aguiar e, apesar de ser apenas o segundo ano em que está presente, “as pessoas que nos vieram comprar a cebola no ano passado tornaram porque ficam contentes com o produto que é bom e o preço é acessível, a um euro e cinquenta cêntimos o por quilo”. Pertencem ao concelho aguiarense com uma produção própria de “cerca de uma tonelada e meia de cebola” vinda de Cabanes, localidade que pertence à União de Freguesias de Pensalvos e Parada de Monteiros.

Apesar de ter a cebola típica, Marcelo Borges traz até à feira uma variedade de cebola que se distingue das restantes. “A nossa cebola é muito valorizada, é uma cebola doce, comprida e bicuda, é bonita, e muita gente vem de todo o país procurar este tipo de cebola, que acaba por ter uma venda rápida porque tem uma beldade fora do comum”. Admite que, logo no primeiro dia, vendeu grande parte da sua produção desta variedade e teve de gerir a restante para os dois dias seguintes.

Marcelo Borges tem produção de cebola do cedo e cebola do tarde. “A do cedo correu relativamente bem, o tempo ajudou, choveu bastante. A do tarde não cresceu tanto, houve tempo mais seco, mas o que acaba por se vender é a cebola pequena, porque as famílias são cada vez menores”, explica.

Além da presença na feira para “dinamizar o produto”, este produtor de cebola pretende evoluir e fala de um projeto nesse sentido. “Fizemos uma atividade numa freguesia do nosso concelho em que juntámos cerca de 30 pessoas a encavar as cebolas, o que deu uma boa dinâmica para a aldeia, e é um projeto que nós temos em mente para futuramente dinamizar na zona de Cabanes”.

 

Concurso da Maior Cebola

Na edição de 2025, a vencedora do concurso foi precisamente a neta da produtora Zélia Portugal, Sofia da Eira, que veio de França para ajudar os avós. O avô levou duas cebolas a concurso e cedeu a maior, de um quilo e trezentos e trita gramas, à neta. Sofia da Eira diz que não estava à espera de ganhar, embora tenha ficado “contente porque é a primeira vez que eu venho à feira e estou muito feliz de ter ganho o primeiro prémio”. Quanto ao gesto de o avô a ter colocado no concurso, a neta refere-se ao avô como sendo “muito simpático, sempre me colocou em primeiro lugar porque gosta muito de mim, é o meu avô”.

Em segundo lugar ficou José Manuel Gonçalves, presença assídua no pódio do concurso nas edições anteriores, com uma cebola de um quilo e duzentos e cinco gramas. O terceiro lugar foi ocupado por Jorge Teixeira, com uma cebola de um quilo e cento e quarenta e cinco gramas. 


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29/09/2025

Sociedade

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