Covas do Barroso volta a receber acampamento contra a mina de lítio

A Associação Unidos em Defesa de Covas do Barroso (UDCB) realiza de 8 a 10 de agosto, pelo quinto ano consecutivo, o acampamento em defesa do Barroso, em Romainho e Covas do Barroso, no concelho de Boticas.

O acampamento inicia esta sexta-feira e prolonga-se até domingo, nesta localidade onde a empresa britânica Savannah Resources quer explorar uma mina de lítio.

O evento reúne a população local, ativistas e associações ambientais “num ato de contestação aos projetos de mineração de lítio na região e à modalidade vigente de transição energética”, refere a organização.

O presidente da UDCB explica que o acampamento “é muito importante para nós e para a nossa luta porque mostra que não estamos sozinhos, que há pessoas por todos os cantos do país que também acham que isto que nos está a acontecer é uma injustiça”. Nélson Gomes, adianta que o evento “mostra também que a aldeia está unida e disposta a continuar a lutar pelo que é seu”.

Também Lúcia Mó, presidente da Junta de Freguesia e membro da UDCB, sublinha a importância do acampamento. “Covas do Barroso gosta de receber quem vem por bem, e, portanto, é uma alegria para nós receber quem nos quer visitar e conhecer um pouco mais de perto. O nosso sonho é que nos continuem a visitar no futuro, com esta luta ganha”.

O acampamento inclui uma arruada pelas ruas da aldeia, de protesto junto ao Cruzeiro, no centro de Covas do Barroso, onde serão proferidas palavras de ordem contra a mineração, momentos de partilha com testemunhos dos habitantes e atos performativos, protagonizados por locais, centrados no tema da justiça popular. O evento inclui debates, concertos e espetáculos.

A luta contra a mina do Barroso arrasta-se desde 2017, tendo-se intensificado no último ano, depois de, em dezembro de 2024, o Ministério do Ambiente ter concedido uma servidão administrativa à Savannah que lhe permite aceder aos terrenos para os trabalhos de prospeção.

Entretanto, a empresa solicitou uma segunda servidão administrativa para expandir trabalhos de sondagens neste território do concelho de Boticas.

No comunicado, a UDCB explica que a “empresa ocupou terrenos privados e baldios sem o consentimento da população, para realizar trabalhos de prospeção”.

A associação lembrou que tem contestado “repetidamente a legitimidade desta medida e denunciado o continuado clima de vigilância, insegurança e intimidação instalado na aldeia”.

Neste contexto de “indignação face aos abusos da empresa e à conivência do Governo”, o acampamento em defesa do Barroso é, segundo a UDCB, um “momento de denúncia das injustiças cometidas contra a população de Covas do Barroso, de mobilização de apoio e de recolha de fundos para as ações legais da associação”, lê-se na nota enviada.

 

Foto: CM Boticas


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08/08/2025

Sociedade

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