Emissão em direto no posto de turismo das Pedras Salgadas comemora o Dia Mundial da Rádio

Exposição “As Ondas da Rádio” decorre até ao fim de março como forma de celebrar o Dia Mundial da Rádio que contou com uma emissão em direto por parte da Rádio Clube Aguiarense.

No dia 13 de fevereiro, considerado o Dia Mundial da Rádio, o posto de turismo das Pedras Salgadas inaugurou a exposição “As Ondas da Rádio” e, para tornar o dia ainda mais emblemático, a emissão da Rádio Clube Aguiarense fez-se a partir da loja de turismo.

Catarina Chaves, uma das quatro responsáveis pelas atividades no Welcome Center, considera que este espaço polivalente funciona como um “pequeno centro cultural” que assume duas funções: “por um lado os nossos visitantes também gostam de utilizar e ver as exposições que temos e, por outro lado, habituamos a comunidade local a vir ao posto de turismo”. Acredita que ao realizarem este tipo de iniciativas “criamos um hábito na comunidade local de nos visitar e, que melhor forma temos de chamar a população, do que pedir-lhes para nos ajudarem a montar as exposições? Foi esse o desafio que nós lançámos”. Catarina Chaves refere-se ao facto de terem solicitado à comunidade que cedesse rádios antigos à exposição, através da divulgação do pedido pela Rádio Clube Aguiarense, contando ainda com a colaboração da USTAG – Universidade Sénior das Terras de Aguiar.

Em relação aos rádios, cada um traz uma história. Catarina Chaves dá exemplos: “a senhora que estava emigrada e que a única coisa que trouxe do tempo em que esteve fora foi o rádio com que ouvia as notícias de Portugal, temos pessoas que receberam rádios como prendas de casamento, que na altura era uma coisa muito importante”. Ressalva ainda a grande contribuição de Manuel Borges, um ávido colecionador de rádios.

Com a organização da exposição, as responsáveis do posto de turismo perceberam que há uma forte ligação das rádios locais ao território, assim como concluíram que a rádio local tem uma audiência maior do que suspeitavam.

Para Luís Miguel Roçadas, locutor da Rádio Clube Aguiarense (RCA) juntamente com o colega José Viana, é importante assinalar o Dia da Rádio “não só para quem faz rádio, mas também para quem ouve”. Admite ainda que sente que acaba por ser um reconhecimento do trabalho diário que realizam na rádio local e, acrescenta, “na Rádio Clube Aguiarense, procuramos sobretudo fazer serviço público, e aquilo que nós entendemos por serviço público, é um serviço de proximidade, noticiários, reportagens de eventos, notícias que estejam a acontecer” já que “a rádio está sempre no ar”.

O locutor explica que “cada vez mais, as rádios locais têm que saber adequar a comunicação às pessoas” com uma linguagem efetiva para que seja rapidamente compreendida pelos ouvintes.

A adesão por parte da comunidade com a cedência dos rádios significa um motivo de orgulho para Luís Miguel Roçadas que diz que nem sempre têm noção do real impacto que têm na vida das pessoas, mas que nos confidencia que “temos pessoas que se emocionam connosco, temos pessoas que se alegram connosco, e temos pessoas que ouvem a rádio para ser uma companhia”. É ainda motivo de orgulho o facto de “num mundo tão desenvolvido, uma rádio local consegue estar viva e ser escutada”.

O locutor da RCA quer deixar um agradecimento aos seus ouvintes que, muitas vezes, “ligam a rádio de manhã e só desligam a rádio à noite, quando vão dormir”. Apela ainda ao apoio das autarquias e juntas de freguesia para “não desistirem das rádios locais e tentarem, ao máximo, apoiar o nosso trabalho, seja na cedência de espaços, na cedência de equipamentos, mas, sobretudo, que não desistam, porque nas rádios estamos a atravessar período difícil”.

Também para assinalar este dia estiveram presentes Jorge Barroso, Presidente da RCA, e António “Trix”, membro da direção da rádio, que fizeram uma contextualização dos tempos inicias da rádio local. Jorge Barroso relembra o pedido de José Ribeiro “que queria trazer uma rádio para Vila Pouca de Aguiar” e cujas primeiras instalações foram “num camarim do cineteatro e onde instalou uma antena no telhado” iniciando as emissões. A filha de José Ribeiro, Anabela Mota Ribeiro, um nome de relevo na cultura radiofónica atual, seguiu-lhe as pisadas, iniciando com cerca de 15 anos, chegando a ser a única locutora por vários anos.

Jorge Barroso assenta que em 1988 foram intimados a legalizar a rádio “sob pena de o material das rádios piratas ser apreendido. Fundámos a cooperativa que hoje existe e legalizámos a rádio” e, com orgulho, acrescenta “estamos a emitir desde essa altura”. O Presidente da RCA fala em muitos “desafios” e “peripécias” ao longo dos anos, mas que, apesar da concorrência da televisão e do desaparecimento de muitas rádios locais, a RCA “manteve-se no tempo”. António “Trix” relembra a história do seu cão, Piloto, que ajudou a colocar o fio de uma antena por baixo de um viaduto para conseguirem iniciar transmissões.

O apoio do município é referido por Jorge Barroso como fundamental “com o reconhecimento do papel de interesse local que a rádio desempenha” e a presença do vereador Filipe Nascimento foi salientada. Segundo Jorge Barroso, assinalar o Dia da Rádio é “o reconhecimento público do papel que as rádios, sobretudo estas de pequena dimensão como a nossa, desempenham”. Salienta um público importante que são os imigrantes, a partir do momento em que começaram a emitir na internet.

A exposição “As Ondas da Rádio” também tem livros, notícias e reportagens sobre rádio e inclui alguns aparelhos que eram utilizados pelos locutores de rádios para fazer entrevistas.

A exibição conta com cerca de 110 rádios neste momento e, por questões de espaço, não lhes é possível aceitar mais. Catarina Chaves adianta “já estamos a falar em fazer a mesma iniciativa no ano que vem porque temos outros tantos rádios para incluirmos na exposição”. A responsável do posto de turismo informa ainda que, além desta exposição, vão tendo atividades de serviços educativos e visitas guiadas sob marcação.


Fotos: CM Vila Pouca de Aguiar


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18/02/2025

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