“Grândola Vila Morena” na sessão de esclarecimento que não dissipou as dúvidas da população

A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) realizou uma sessão de esclarecimento, no auditório municipal de Montalegre, no âmbito do projeto, Concessão de Exploração de Depósitos Minerais de Lítio e Minerais Associados – "Romano", mas não conseguiu esclarecer a totalidade das dúvidas e preocupações da população, que terminaram a sessão de esclarecimento entoando a “Grândola Vila Morena”.

Os barrosões, que temem perder a classificação de Património Agrícola Mundial, responderam de forma massiva à chamada e encheram por completo o auditório municipal, em Montalegre, na passada quarta-feira, ai final do dia para assistir à sessão de esclarecimento promovida pela Agência Portuguesa do Ambiente, onde também marcaram presença elementos da Lusorecursos Portugal Lithium, da Agri-Pro Ambiente Consultores, empresa responsável pelo Estudo de Impacto Ambiental e autarcas.

Recorde-se que o processo de Licenciamento Único de Ambiente deste projeto está sujeito ao procedimento de Avaliação de Impacte Ambiental. A documentação para consulta está disponível, desde o passado 14 de fevereiro e até 25 de março, no Portal participa.pt, podendo todas as observações e sugestões ser apresentadas diretamente no referido Portal. Esse foi o primeiro ponto de discórdia, pois a prorrogação do prazo de resposta à consulta pública de 30 dias, foi pedido pelos presentes e o representante da APA, Augusto Serrano, que presidiu a mesa da sessão, garantiu que esse pedido já tinha dado entrada por escrito e estava a ser analisado.

Depois das apresentações iniciais, com intervenções da Lusorecursos e da da Agri-Pro Ambiente veio a parte das perguntas e respostas do público presente e as preocupações continuam a ser a qualidade da água, o ar e o ruído e todo o seu impacto provocado pela exploração mineira.

O presidente da Câmara Municipal de Boticas, Fernando Queiroga, também esteve presidente e mostrou-se preocupado com os impactes da concessão no seu concelho, questionando a mesa sobre os escorrimentos do rio Beça e à Águas de Carvalhelhos que pode perder qualidade e por em causa os postos de trabalho.

Segundo o Estudo de Impacto Ambiental o complexo mineiro vai ter de consumo 10 mil metros cúbicos por dia e em época de seca esse também foi um dos temas levantados pela Associação Montalegre Com Vida, que questionou de forma concreta quais vão ser as prioridades no futuro, em senários de seca, tendo em conta que o consumo é cinco vezes superior ao de todo o concelho em apenas um ano. A mesma Associação quer mesmo que se defina se a prioridade vai ser população e agricultura, Património Agrícola Mundial, ou a mina entra primeiro.

Em resposta a Agência Portuguesa do Ambiente da mesa fez saber que não existem poluições no que diz respeito às linhas de água que vão dar ao rio Beça e em caso de seca a exploração mineira adotará o princípio de autossuficiência com grande potencial para o aproveitamento das águas pluviais, sendo que em condições normais a água utilizada será sempre a da albufeira do Alto Rabagão.

No final da sessão de esclarecimento, mostrando todo o seu descontentamento os presentes entoando a “Grândola Vila Morena”.


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08/03/2022 Jornalista: Paulo Silva Reis

Sociedade

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