Alberto Machado retoma mandato como deputado da Assembleia da República

Deputado aguiarense regressa ao Parlamento na segunda-feira, disse hoje ao Canal Alto Tâmega.

Alberto Machado, deputado da Aliança Democrática (AD), eleito pelo distrito de Vila Real, regressa segunda-feira, 17 de março, à Assembleia da República (AR) depois de um pedido de suspensão do mandato por 30 dias.

O social democrata dirigiu a 21 de janeiro um ofício a solicitar a substituição como deputado por 30 dias, alegando motivos pessoais e familiares, relacionados com o apoio à mãe. A solicitação do ex-Presidente da Câmara Municipal de Vila Pouca de Aguiar, entraria em vigor a 10 de fevereiro, mas a Comissão de Transparência aprovou a suspensão de mandato do deputado aguiarense três dias depois do dia requerido, por suspeita de pretender antes reassumir funções de Presidente da Câmara.

Na altura, o deputado revelou que deu conhecimento do pedido de suspensão ao Diretor do Agrupamento de Escolas porque, em 2013, quando assumiu o cargo de presidente da Câmara Municipal era docente do quadro do Ministério da Educação e pediu mobilidade por comissão de serviço para a Câmara Municipal.

O ex-autarca não podia regressar ao município, sob pena de entrar em incompatibilidade. Durante os 30 dias, Alberto Machado foi substituído por André Pereira Cardoso Marques, do círculo eleitoral de Vila Real, que é adjunto do Gabinete do Secretário de Estado da Agricultura e já tinha sido deputado da AR na legislatura de 2023–2023, quando substituiu no cargo a deputada Cláudia Bento.

Alberto Machado foi eleito, pelo PSD, presidente da Câmara Municipal de Vila Pouca de Aguiar em 2013 e cumpria o terceiro e último mandato quando em 2024 aceitou ser deputado da Aliança Democrática (AD) na Assembleia da República, tendo assumido o mandato de deputado, integrando designadamente a Comissão Parlamentar de Agricultura.

Para assumir o cargo de deputado, Alberto Machado já pediu a suspensão de mandato como autarca três vezes, aprovadas por unanimidade, tendo a última ocorrido a 23 de dezembro. Desde fevereiro de 2024 que quem assume o cargo na presidência é Ana Rita Dias, que era na altura Vice-Presidente da Câmara Municipal.

Alberto Machado podia suspender o mandato por 180 dias, mas decidiu regressar à Assembleia da República.

MP ARQUIVA QUEIXA DE EX-AUTARCA QUE QUERIA REASSUMIR CÂMARA DE VILA POUCA DE AGUIAR

O Ministério Público arquivou uma queixa de Alberto Machado contra a presidente da Câmara de Vila Pouca de Aguiar, considerando que a vontade do deputado em reassumir a presidência daquele município seria uma “manifesta violação da lei”.

Na participação entregue a 18 de fevereiro no Ministério Público (MP) do Tribunal Administrativo e Fiscal (TAF) de Mirandela, Alberto Machado acusou Ana Rita Dias de se encontrar “numa situação de usurpação de funções”, requerendo a intervenção do MP para a “reposição da legalidade democrática”.

No final de janeiro, o ex-autarca informou o município que a 10 de fevereiro retomaria as suas funções como presidente da Câmara de Vila Pouca de Aguiar. Em consequência, a autarquia pediu um parecer jurídico sobre esta situação e a Comissão de Transparência da AR autorizou a 13 de fevereiro a suspensão do mandato, mas não autorizou assumir funções na autarquia.

Na decisão de arquivamento do MP, datada de 06 de março e a que a agência Lusa teve acesso, está escrito que “não há nada a censurar à conduta da presidente da Câmara de Vila Pouca de Aguiar” (…) “Pelo contrário, agiu sempre no estrito cumprimento da lei. Irrepreensível. A sua participação foi fundamental para o desfecho de toda esta situação de facto e para o esclarecimento cabal daquilo que realmente sucedeu”, pode ler-se no documento a que a Agência Lusa teve acesso.

O MP considera que a 13 de fevereiro Alberto Machado “sabia já que não poderia retomar o cargo de presidente da Câmara de Vila Pouca de Aguiar, estando nessa altura suspenso do exercício de funções de deputado à AR por ‘motivos familiares ponderosos’ e “não se coibiu, ainda assim, de a 18 de fevereiro apresentar uma participação junto do MP do TAF de Mirandela, omitindo factos dos quais já tinha conhecimento e requerendo a intervenção do MP para a reposição da legalidade quando, na verdade, era o próprio que se preparava para praticar um ato administrativo (retoma das funções de presidente da câmara) que, a ocorrer, seria nulo por manifesta violação da lei e que justificaria então a intervenção do MP”, refere ainda o texto.

Pelo que, “inexistindo qualquer ilegalidade administrativa que importe suprir”, o Ministério Público determinou o arquivamento do dossiê.

O MP disse que a 13 de fevereiro, por força da lei, ocorreu a renúncia de Alberto Machado ao exercício do cargo de presidente da Câmara de Vila Pouca de Aguiar. A suspensão que ultrapasse 365 dias no decurso do mandato constitui, de pleno direito, renúncia ao mesmo.



Sara Esteves

Foto: DR

 


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13/03/2025

Política

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